O responsável europeu da Stellantis admite que o grupo pode ter multas até 2,5 mil milhões de euros e diz que terá de fechar fábricas para cumprir as regras europeias.
Neste artigo:
Metas da UE são “inatingíveis”
A Stellantis poderá ter de encerrar fábricas na Europa caso não consiga cumprir os objetivos de redução de emissões de CO₂ definidos pela União Europeia. O alerta foi dado por Jean-Philippe Imparato, responsável máximo pela operação europeia do grupo, durante uma conferência no parlamento italiano, em Roma, a 1 de julho.
Imparato afirmou que, perante as regras atuais, as metas de emissões “são inatingíveis” para os construtores automóveis. Segundo o gestor, o grupo enfrenta o risco de ter de pagar multas até 2,5 mil milhões de euros entre 2025 e 2027, caso não consiga alterar de forma significativa a composição da sua gama.
Duplicar vendas de elétricos ou fechar fábricas
“Tenho duas soluções: ou pressiono ao máximo nas vendas de elétricos… ou encerro a produção de veículos com motor térmico. E, por consequência, encerro fábricas”, afirmou Jean-Philippe Imparato. Entre os exemplos dados, destacou a fábrica da Sevel em Atessa, Itália, a maior unidade de produção de veículos comerciais ligeiros do grupo na Europa, como potencialmente em risco.
Na prática, a Stellantis teria de duplicar as vendas de veículos 100% elétricos (BEV) num curto espaço de tempo — algo que o próprio responsável admite ser “impossível” com a atual estrutura de produção e procura no mercado. Como alternativa, a marca poderá ter de reduzir drasticamente a produção e exportação de modelos a combustão interna para melhorar a média de emissões da sua frota.
Regulamento europeu exige ajustamentos
Embora a indústria automóvel europeia tenha conseguido adiar parcialmente as metas — com as penalizações a incidirem agora sobre o ciclo 2025-2027 e não apenas sobre 2025 — o responsável da Stellantis sublinha que, sem alterações regulamentares até ao final deste ano, o grupo será forçado a tomar “decisões difíceis”.
Caso não consiga cumprir os limites de CO₂ impostos pela União Europeia entre 2025 e 2027, o grupo poderá ser obrigado a cortar significativamente a produção de veículos com motor de combustão interna (gasolina e gasóleo). Essa decisão afetaria especialmente as unidades de fabrico focadas nesse tipo de motorização, como a fábrica de Atessa, em Itália, que é responsável por grande parte da produção e exportação de veículos comerciais térmicos para outros mercados.
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Ou seja, se a Stellantis não conseguir aumentar rapidamente as vendas de elétricos — o que considera “impossível” no curto prazo — terá de reduzir a produção dos modelos convencionais para baixar a média de emissões da sua frota. Isso pode colocar fábricas inteiras em risco, especialmente aquelas que produzem modelos não elétricos destinados à exportação.