Um dos mais abrangentes testes de ADAS (sistemas avançados de assistência à condução) realizado na China revelou níveis preocupantes de desempenho entre veículos de diferentes marcas, com 216 colisões registadas em apenas 15 cenários de risco.
Neste artigo:
Teste de ADAS mostra limitações
“Os testes expõem limitações graves na resposta automática a obstáculos em estrada, sendo que muitas marcas não conseguiram evitar nenhum dos cenários”, resume o CarNewsChina.
Como o portal DCar – responsável pelo teste – afirma, “por melhores que sejam, os sistemas ADAS ainda não estão prontos para uma condução totalmente autónoma”. No estado atual da tecnologia, a intervenção humana na condução ainda se mostra essencial.
O ensaio foi conduzido pelo portal automóvel DCar, envolvendo 36 automóveis em situações simuladas de condução urbana e autoestrada. Pela primeira vez, foi fechado um troço de 15 quilómetros de uma autoestrada para simular situações de perigo.
Tesla lidera, mas não escapa completamente
A Tesla obteve os melhores resultados, com o Model X e o Model 3 a passarem com sucesso 5 dos 6 testes de autoestrada, incluindo obstáculos súbitos e entradas agressivas de outros veículos. O Model X foi o único carro a evitar a colisão com um javali atravessando a estrada. Curiosamente, nenhum destes modelos utiliza sistema LiDAR, apostando unicamente em câmaras e processamento visual avançado.
Nos testes urbanos, o Model X voltou a liderar, superando 8 dos 9 cenários, que incluem manobras em rotundas, travagem perante peões e interações com bicicletas elétricas agressivas. O Model 3 obteve 5/9 pontos, ficando atrás de propostas como o Luxeed R7 e o Avatr 12, ambos equipados com sistemas da Huawei.
Desempenhos contrastantes entre marcas chinesas
A surpresa positiva surgiu da Great Wall Motor, com o modelo Wey Lanshan (Wey 07) a alcançar o terceiro lugar nos testes de autoestrada com 3/6 pontos, destacando-se pelo sistema Coffee Pilot Ultra ADAS. No entanto, o mesmo modelo ficou entre os piores em ambiente urbano.
Outros modelos chineses que tiveram desempenho mediano incluem o Xpeng G6, Luxeed R7, Denza Z9 GT EV e Aion RT: todos com 3/6 nos testes de autoestrada. Já modelos como o BYD’s FCB Bao 5, Aito M9, Avatr 07, Toyota bZ3X obtiveram resultados variados, mas longe dos melhores.
No teste urbano, modelos como o Avatr 12, Toyota bZ3X e o BYD Bao 5 conseguiram superar 6 ou mais dos 9 testes, revelando maior consistência em ambientes de baixa velocidade e tráfego imprevisível.
Falhas críticas em vários veículos
Mais preocupante foi o baixo desempenho de modelos de marcas reconhecidas, como o Mercedes-Benz Class C, Leapmotor C10, VW Passat, Zeekr 001, Xiaomi SU7, entre outros — todos sem sucesso em testes cruciais como responder a um obstáculo súbito em autoestrada, à entrada agressiva de veículos ou a evitar zonas de construção ou animais.
O Zeekr 7X, Xpeng P7+, Onvo L60 e o Firefly EV estão entre os modelos que não evitaram nenhum dos seis cenários de autoestrada, revelando fragilidades significativas nas soluções de condução assistida.
Causas técnicas para resultados inconsistentes
Interessante é verificar que o teste demonstrou que modelos da mesma marca equipados com o mesmo sistema ADAS tiveram comportamentos diferentes em testes semelhantes. Isto pode ser explicado por versões distintas de software, diferente posicionamento dos sensores ou utilização de chips ADAS com diferente capacidade de processamento
Estes fatores interferem na velocidade de resposta e na capacidade de tomar decisões em tempo real, impactando diretamente a segurança.
Reconfiguração do mercado ADAS na China
Os resultados reforçam a pressão sobre fabricantes e fornecedores de tecnologia para melhorar os algoritmos e sensores dos sistemas ADAS. Com a China a consolidar-se como referência global em condução inteligente, estes testes têm impacto direto na evolução do setor e nas futuras certificações de segurança.
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O desempenho superior de sistemas sem LiDAR, como os da Tesla, contrasta com marcas que investem fortemente nessa tecnologia, mas que não conseguiram traduzir esses recursos em melhor desempenho. A adaptação eficiente da condução autónoma a cenários reais continua a ser o grande desafio da tecnologia.