As grandes marcas automóveis europeias receberam com entusiasmo moderado o acordo entre os Estados Unidos e a União Europeia, que reduziu a tarifa de importação para veículos do Velho Continente de 27,5% para 15%. O gesto ontem anunciado foi considerado pelos construtores essencial para acalmar tensões comerciais e recuperar margem para planeamento estratégico, mas não resolve todas as preocupações.
Neste artigo:
“Alívio necessário, mas temporário” para construtores
A Mercedes-Benz foi dos primeiros construtores a reagir, sublinhando que o entendimento “traz alívio à indústria automóvel alemã num momento particularmente desafiante”, e reforçou a necessidade de “manter um diálogo construtivo e regular com Washington” com vista à eliminação progressiva de todas as barreiras comerciais.
Por sua vez, a Volkswagen preferiu uma abordagem cautelosa. Num comunicado oficial, o grupo revelou que encara o acordo como “um passo positivo para garantir previsibilidade regulatória”, mas alertou para a falta de clareza nos detalhes: “Aguardamos a comunicação oficial dos termos completos para proceder a uma análise rigorosa.”
BMW reforça aposta na produção americana
A BMW, que beneficia já de isenções para cerca de 100 mil SUV fabricados na unidade de Spartanburg (EUA), reagiu com pragmatismo: “Este acordo reforça o modelo de produção integrada que temos vindo a consolidar nos últimos anos, reduzindo exposição ao risco tarifário e assegurando estabilidade nos mercados internacionais.” A marca salientou ainda que o novo quadro tarifário reforça a necessidade de investir em capacidade industrial local fora da Europa.
Por seu turno, a Audi, um dos construtores mais expostos às tarifas dos Estados Unidos, uma vez que não possui fábricas naquele país, afirmou que ainda está a avaliar as implicações do acordo.
Analistas destacam impacto positivo no curto prazo
Segundo Michael Dean, da Bloomberg Intelligence, o acordo poderá representar um ganho económico na ordem dos 4 mil milhões de euros para os principais construtores automóveis europeus, graças ao reforço das exportações e à melhor gestão das cadeias logísticas.
“É o melhor desfecho possível face ao cenário anterior. Os CEOs alemães e suecos poderão finalmente respirar de alívio”, comentou o analista Matthias Schmidt.
VDA alerta para o custo ainda elevado das tarifas
A presidente da associação da indústria automóvel alemã (VDA), Hildegard Müller, elogiou a iniciativa diplomática por travar uma escalada do conflito comercial, mas alertou que a taxa de 15% continua a ser “um peso relevante para os fabricantes” e apelou à sua eliminação total num processo faseado.
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“Precisamos de um compromisso de longo prazo, que privilegie standards ambientais e tecnológicos sem comprometer competitividade internacional”, sublinhou