A partir de 30 de setembro de 2025, o governo francês volta a disponibilizar o programa de leasing social para veículos elétricos. A reedição do programa francês reacendeu o debate sobre a necessidade de uma estratégia europeia coordenada para tornar os veículos elétricos acessíveis a todos.
Neste artigo:
Leasing social com valores baixos
O leasing social é uma iniciativa do governo francês que visa democratizar o acesso à mobilidade limpa entre os agregados familiares mais modestos. Após um lançamento bem-sucedido em 2024, que resultou na encomenda de cerca de 50 mil veículos, o executivo francês reforça agora o programa com uma dotação de 370 milhões de euros e novas condições de elegibilidade.
O leasing social permite que cidadãos com rendimentos mais baixos possam alugar um automóvel elétrico por um período mínimo de três anos, sem obrigação de compra no final do contrato. O valor mensal do aluguer será inferior a 140 euros, com um teto máximo de 200 euros, e cada veículo poderá beneficiar de um apoio estatal até 7.000 euros, não acumulável com outras ajudas públicas.

Para aceder ao programa, os candidatos devem cumprir dois critérios, de acordo com a página oficial do Governo francês: ter um rendimento anual igual ou inferior a 16.300 euros e utilizar o veículo para deslocações para o trabalho ou em deslocações profissionais. Os veículos disponíveis serão selecionados por empresas de aluguer convencionadas, obrigadas a incluir pelo menos uma opção com mensalidade inferior a 140 euros.
Uma proposta para toda a Europa?
A reedição do programa francês reacendeu o debate sobre a necessidade de uma estratégia europeia coordenada para tornar os veículos elétricos acessíveis a todos. Num artigo de opinião publicado pela Euronews, Krzysztof Bolesta, vice-ministro do Ambiente da Polónia, e Thomas Pellerin-Carlin, eurodeputado francês, defendem a criação de um esquema europeu de leasing social como resposta às desigualdades no acesso à mobilidade limpa.
Segundo os autores, apesar da crescente oferta de transportes públicos e ativos, o automóvel continua a ser o principal meio de deslocação para milhões de europeus, especialmente em zonas rurais. No entanto, o custo elevado dos veículos elétricos continua a ser um obstáculo para muitas famílias, mesmo considerando as poupanças em combustível e manutenção.
Leasing social europeu em discussão
A proposta de Bolesta e Pellerin-Carlin passa por um programa europeu que permita o aluguer de pequenos veículos elétricos sem custos iniciais, com rendas mensais acessíveis.

O exemplo francês, com mensalidades a rondar os 150 euros, é citado como referência, embora os autores reconheçam que países como a Polónia necessitariam de valores ainda mais baixos, na ordem dos 25 euros mensais.
Carros fabricados na Europa
Além de promover a justiça social e combater a exclusão energética e de transporte, os proponentes argumentam que “um programa europeu de leasing social criaria um novo mercado para a indústria automóvel do continente. A agregação da procura nacional poderia garantir a venda de um milhão de veículos elétricos por ano na União Europeia, reduzindo os custos unitários e tornando o modelo mais sustentável”.
“Ao garantir que estes automóveis são fabricados na Europa, estimularíamos também o sector automóvel europeu. Com uma cadeia de valor responsável por 13 milhões de empregos diretos e indiretos e uma contribuição de mil milhões de euros para o PIB da UE, a indústria automóvel tem sido um pilar da economia da UE”, sublinham no artigo publicado na Euronews.
Um caminho para a transição justa
A proposta de um leasing social europeu surge num momento em que a União Europeia se prepara para implementar o sistema de comércio de emissões ETS 2, que poderá encarecer ainda mais os combustíveis fósseis. Sem medidas compensatórias, os agregados familiares mais pobres correm o risco de ficar ainda mais vulneráveis às flutuações dos preços da energia.
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Neste contexto, o leasing social não é apenas uma medida ambiental, sendo também uma ferramenta de inclusão e justiça social. Ao facilitar o acesso a veículos elétricos, os governos podem mitigar os impactos da transição energética e garantir que ninguém fica para trás, sublinham os autores
Para concluir, garantem, “apoiar as pessoas na aquisição de transportes limpos através de um esquema de leasing social faz sentido sob todas as perspetivas – e permitir a coordenação em toda a UE torna-o ainda mais eficiente e acessível”.



