carros elétricos numa rua de uma cidade francesa, com a estrada molhada carros elétricos numa rua de uma cidade francesa, com a estrada molhada

Carros elétricos puxam pelo mercado automóvel europeu em novembro

Os carros elétricos alcançaram uma quota de 21% na UE, 26% no Reino Unido e 98% na Noruega.

Vendas de automóveis na Europa sobem pelo quinto mês, com os carros elétricos a puxar pelo mercado apesar do recuo de Bruxelas.

Ouve o resumo do artigo:

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As vendas de automóveis novos na Europa cresceram pelo quinto mês consecutivo em novembro, impulsionadas por um disparo nos elétricos e híbridos, ao mesmo tempo que Bruxelas recua no fim anunciado dos motores de combustão para 2035.

Apesar da mudança política em Bruxelas, analistas e dirigentes da indústria consideram que o futuro do setor europeu é inevitavelmente elétrico.

Vendas em alta, carros elétricos em força

As matrículas de automóveis novos na União Europeia, Reino Unido e EFTA subiram cerca de 2,4% em novembro, para 1,1 milhões de unidades, assinalando o quinto mês consecutivo de crescimento. No espaço da UE, as vendas atingiram quase 900 mil veículos, mais 2,1% face ao período homólogo.

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Os eletrificados ganharam peso recorde: os carros elétricos alcançaram uma quota de 21% na UE, 26% no Reino Unido e uns impressionantes 98% na Noruega, enquanto o conjunto de elétricos a bateria, híbridos e plug‑in já representa 65,6% das novas matrículas no bloco, face a 56% em agosto de 2024.

Marcas europeias, Tesla e BYD em rota de colisão

Os grandes grupos europeus estão a beneficiar da recuperação da procura por modelos eletrificados, com a Volkswagen a crescer 4,1% e a Renault 3% em matrículas face a novembro do ano passado. Em sentido inverso, a Stellantis recuou 2,7% após três meses de ganhos, refletindo uma transição mais lenta de algumas das suas marcas para gamas de emissões reduzidas.

Transito numa rua de uma cidade europeia. A imagem é gerada por IA
Os carros elétricos estão a impulsionar o mercado europeu | Imagem gerada por IA

Na frente dos puros carros elétricos, a Tesla perdeu 11,8% das matrículas na Europa, apesar de registar volumes recorde na Noruega, enquanto a chinesa BYD disparou 221,8%, encurtando a distância em quota de mercado: 2,1% para a Tesla e 2% para a BYD em novembro, de acordo com a ACEA. Analistas avisam que a combinação de preços agressivos, cadeia de produção integrada e apoio estatal coloca os fabricantes chineses numa posição de ataque ao coração da indústria automóvel europeia.

Bruxelas recua, mas não trava a eletrificação

Sob forte pressão de Alemanha, Itália e grandes construtores, a Comissão Europeia propôs abandonar a meta de 100% de corte de emissões em 2035 e recuar para uma redução de 90% face a 2021, abrindo espaço à continuação de vendas de alguns modelos com motor de combustão. O plano inclui a possibilidade de manter no mercado híbridos plug‑in, extensores de autonomia e veículos alimentados por combustíveis considerados “CO2‑neutros”, como e‑fuels e alguns biocombustíveis avançados.

Uma ilustração sobre a meta de 2035, em que se vê Ursula von Der Leyen a segurar uma bandeira da união de onde sai um cano de escape
meta de 2035 | Imagem gerada por IA

Apesar deste “climbdown” político, especialistas citados pela Reuters sublinham que “segurar os motores de combustão não vai salvar os construtores europeus” e que a competição está cada vez mais centrada no elétrico. Um responsável da indústria descreve a mudança de rumo como “uma pausa tática que dá fôlego à transição, mas não altera o destino final: um mercado quase totalmente elétrico”.

O que está em jogo para a Europa

A revisão de Bruxelas é vista como uma vitória para países com forte peso industrial automóvel, em especial a Alemanha, ao permitir uma transição mais gradual e protegendo parte do emprego ligado à cadeia dos motores de combustão. Ao mesmo tempo, ONG ambientais e novos atores focados em veículos elétricos alertam para o risco de a UE “ficar parada enquanto a China avança” na corrida global à mobilidade de zero emissões.

Os próximos anos serão marcados por uma tensão entre a necessidade de proteger capacidades industriais existentes e a urgência de acelerar investimento em plataformas elétricas, baterias e redes de carregamento. A forma como a Europa gerir este equilíbrio poderá definir a relevância global das suas marcas num mercado em rápida transformação.

Portugal acelera na eletrificação

Portugal segue a tendência europeia, mas com um ritmo de eletrificação ainda mais rápido, com novembro a marcar vários recordes históricos nas vendas de veículos elétricos. O mercado nacional consolida‑se como um dos casos mais avançados em quota de elétricos e híbridos nas novas matrículas.

Em novembro de 2025, os carros elétricos representaram já 32,5% das vendas de carros novos em Portugal, muito acima da média anual, em que 22,9% dos ligeiros de passageiros matriculados eram 100% elétricos. No total do mês, foram matriculados 16.459 automóveis ligeiros de passageiros novos, mais 0,4% do que em novembro de 2024, com quase sete em cada dez já movidos a energias alternativas (elétricos e híbridos).

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Segundo dados da ACAP, no acumulado de janeiro a novembro de 2025, 69,3% dos ligeiros de passageiros novos vendidos no país foram eletrificados, confirmando que a maioria do mercado português já não depende exclusivamente de gasolina ou gasóleo. Em linha com esta tendência, a associação destaca que o mercado automóvel nacional cresceu 6,6% até novembro, apoiado sobretudo na subida das vendas de híbridos e elétricos.

Elétricos ultrapassam combustão

A UVE sublinha que “novembro fica para a história da mobilidade elétrica” por ser o primeiro mês em que carros elétricos a bateria e híbridos plug‑in representaram mais de metade dos ligeiros de passageiros novos matriculados em Portugal, alcançando 51,08% de quota. Pelo terceiro mês consecutivo, os 100% elétricos ultrapassaram os veículos a combustão, com 5.341 ligeiros de passageiros BEV contra 3.358 modelos apenas a gasolina ou gasóleo.

mobilidade elétrica
A mobilidade elétrica em Portugal atingiu ponto de não retorno @FreePick

No conjunto de todas as categorias e incluindo usados importados, o país somou 8.613 veículos 100% elétricos matriculados em novembro, dos quais 6.023 eram novos, todos valores recorde para o mercado nacional. Entre janeiro e novembro, as vendas de BEV atingiram 74.886 unidades (novos e importados), um aumento de 39,55% face ao período homólogo de 2024.

Marcas: Tesla lidera no ano, BYD domina novembro

No segmento 100% elétrico, o pódio em Portugal mostra um mercado em mutação: em novembro, a BYD liderou com 645 unidades, seguida da Renault (508) e da Peugeot (471). No acumulado do ano, a liderança permanece da Tesla, com 6.378 carros elétricos matriculados, embora com uma quebra de 23,9% face a 2024, seguida da BYD (4.477) e da BMW (4.226).

Este reposicionamento confirma no terreno português a mesma pressão competitiva que se sente à escala europeia, com marcas chinesas a ganhar rapidamente espaço em segmentos onde a Tesla e os construtores tradicionais pareciam intocáveis. Também nos veículos pesados se nota a viragem: as matrículas de pesados elétricos cresceram 850% em novembro e 86,4% no acumulado até novembro, indicando que a eletrificação está a chegar ao transporte profissional, nomeadamente de passageiros.​

Portugal no contexto europeu

De janeiro a novembro, as vendas de híbridos e elétricos em Portugal cresceram 32,1%, para 124.215 unidades, reforçando que o país acompanha, e em alguns indicadores ultrapassa, o ritmo de transição observado no mercado europeu. Em setembro, a ACAP já assinalava que 66,7% dos ligeiros de passageiros matriculados desde o início do ano eram movidos a energias alternativas, com os carros elétricos a valerem cerca de um quinto das novas matrículas.

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Num momento em que Bruxelas abranda as metas para 2035, Portugal posiciona‑se como um laboratório de transição acelerada, conjugando forte adoção de elétricos, penetração rápida de novas marcas e uma base de utilizadores cada vez mais sensível ao custo total de utilização e à mobilidade de baixo carbono

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