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BYD abranda produção na China devido a excesso de inventário

A BYD, maior fabricante mundial de veículos elétricos, está a reduzir temporariamente o ritmo de produção e de expansão industrial na China, em resposta ao aumento preocupante dos níveis de stock e à intensificação da guerra de preços no mercado automóvel chinês.

Produção reduzida em quatro fábricas

Segundo fontes citadas pela Reuters, a marca chinesa já cancelou turnos noturnos e reduziu a produção em pelo menos um terço da capacidade em quatro das suas fábricas. Em simultâneo, foram suspensos planos para a criação de novas linhas de montagem, numa medida que visa controlar custos operacionais e ajustar a produção à procura real.

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Excesso de stock na origem do abrandamento da produção @BYD

Esta informação é desmentida por uma “fonte conhecedora da BYD”, que afirmou ao CnEVPost que “a capacidade de produção se mantém estável”.

Do crescimento acelerado ao desafio da saturação

A BYD tinha como meta para 2025 atingir 5,5 milhões de unidades vendidas, um aumento de quase 30% face aos 4,27 milhões registados no ano passado — números impulsionados sobretudo pelo mercado doméstico. Contudo, os dados de abril e maio revelam um abrandamento acentuado, com crescimentos homólogos de apenas 13% e 0,2%, respetivamente — os mais baixos desde fevereiro de 2024.

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A BYD diminuiu a sua produção em quatro fábricas @BYD

De acordo com um estudo da China Automotive Dealer Association, os concessionários da marca acumulam em média 3,21 meses de inventário, o valor mais elevado entre todas as marcas na China, muito acima da média do setor (1,38 meses). Em Shandong, um grande distribuidor da BYD encerrou pelo menos 20 lojas, segundo notícias de meios de comunicação estatais.

Guerra de preços pressiona fabricantes, reguladores reagem

A recente estratégia da BYD incluiu fortes incentivos de preço, com modelos de entrada como o Seagull (o Dolphin) a partir dos 55.800 yuan (cerca de 6.700 euros ao câmbio atual). Esta política provocou quedas nas ações de fabricantes rivais e gerou um novo ciclo de descontos agressivos, agravando a tensão financeira em toda a cadeia de valor — fabricantes, fornecedores e distribuidores.

A Câmara de Comércio de Concessionários de Automóveis da China apelou recentemente às marcas para moderarem a produção e estabelecerem metas mais realistas. Também as autoridades reguladoras intensificaram a vigilância ao setor, preocupadas com os impactos da compressão de margens e da instabilidade do mercado.

Exportação como válvula de escape

Para mitigar o abrandamento doméstico, os fabricantes chineses — com a BYD à cabeça — estão a redobrar os esforços na internacionalização. Nos primeiros cinco meses de 2025, cerca de 20% das 1,76 milhões de unidades vendidas pela BYD foram exportadas, tendência que deverá continuar a crescer.

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A BYD quer controlar toda a cadeia de exportação, tendo ao seu serviço seis navios de transporte de veículos. Ainda esta semana, o mais recente, o Xi’an, partiu rumo à Europa com 7.000 veículos a bordo, a maior parte dos quais o BYD Dolphin Surf.

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