A condução assistida está a tornar-se um standard da indústria automóvel, mas nem todos os sistemas correspondem. O Euro NCAP testou nove modelos e chegou à conclusão de que a maioria é boa, mas alguns dos modelos de marcas que apregoam a segurança deixam a desejar.
Neste artigo:
O Euro NCAP fez uma bateria de testes a nove automóveis de diferentes marcas para avaliar o quão seguros são os sistemas parcialmente automatizados a bordo. Do total de automóveis testados, quatro obtiveram pontuações elevadas na avaliação de classificação de condução assistida.
Quatro no melhor e dois no pior
O Euro NCAP, classificou o Kia EV3, o Porsche Macan, o Renault 5 E-Tech e o Toyota bZ4X com a classificação “muito bom” para a condução assistida, considerando que proporcionam um “equilíbrio excecional” entre o envolvimento do condutor e o apoio de segurança.
O Euro NCAP salienta que, “dois automóveis de marcas que se destacam pela reputação de segurança, o Tesla Model S e o Volvo EX30, foram considerados deficientes em áreas importantes, o que levou ambos os modelos, juntamente com o MG ZS, a receberem uma classificação “Moderada” para a Condução Assistida”.
Entre estes dois grupos de automóveis estão o MAZDA CX-80 e o XPENG G9, que alcançaram a classificação “Bom” para a Condução Assistida.
Sistemas importantes para a segurança
A tecnologia instalada nos veículos atuais pode funcionar como olhos e ouvidos para ajudar a manter os utilizadores da estrada em segurança, utilizando sensores e câmaras para detetar potenciais perigos, alertar os condutores e tomar medidas corretivas automaticamente.
Os sistemas de condução assistida oferecem ainda aos utilizadores o conforto de manter uma distância segura dos veículos da frente e centrados na faixa de rodagem. Estes sistemas podem também ajustar a velocidade ao limite local e, quando necessário, evitar ou mitigar colisões.
Riscos da automação são reais
No entanto, estudos têm demonstrado os riscos que a automação pode representar para os condutores; assim sendo, continua a ser “crucial” que os fabricantes de automóveis projetem estes sistemas “de forma a que mantenham os condutores empenhados e responsáveis pela tarefa de condução, ao mesmo tempo que prestam apoio em situações de emergência”.
Os especialistas do Euro NCAP avaliam a tecnologia de segurança dos veículos de acordo com uma série de critérios, que se dividem em duas categorias pontuadas: Competência de Assistência e Backup de Segurança.
O total ponderado confere ao automóvel a sua classificação de Condução Assistida, o que ajuda os consumidores a comparar o foco no utilizador e a eficácia destes sistemas, “mostrando não só o quão proactivamente um automóvel pode auxiliar o condutor, mas também o quão eficazmente intervém quando as coisas correm mal”.
Os dois critérios de avaliação
A Competência de Assistência analisa a clareza das informações do consumidor, incluindo as limitações de capacidade, os alertas de estado, a monitorização do condutor (manter as mãos no volante) e como o sistema permite a colaboração do condutor, por exemplo, a substituição do sistema durante uma manobra iniciada pelo condutor, como por exemplo em torno de um buraco na estrada. Os outros componentes principais são a deteção do limite de velocidade e o desempenho do cruise control adaptativo.
Em contraste, o Safety Backup avalia o quão bem o sistema de um automóvel evita uma colisão quando confrontado com outros automóveis, motociclistas, ciclistas e peões, que ação é tomada quando um sensor ou câmara fica bloqueado e como o veículo reduz a velocidade para uma paragem segura quando o condutor fica sem resposta.
A diferença que o head-up display faz
Os testadores do Euro NCAP elogiaram o sistema “InnoDrive com Active Lane-Keeping” do Porsche Macan, atribuindo-lhe 85% na Competência de Assistência e 92% no Backup de Segurança. O material promocional e o manual são claros sobre as limitações das capacidades do sistema e as responsabilidades do condutor e, na estrada, o estado do sistema é claramente apresentado na linha de visão direta do condutor por um head-up display.
Durante a condução, o sistema do Porsche deteta quando as mãos do condutor estão fora do volante, emite avisos e, por fim, termina a assistência se o condutor não responder. Quando o veículo controla a direção, equilibra-a suavemente com quaisquer comandos do condutor.
O Kia EV3 e o Toyota bZ4X revelaram-se igualmente competentes e intuitivos. Demonstrando como os sistemas de condução assistida podem ter um desempenho tão bom em automóveis mais acessíveis, o pacote ‘Active Driver Assist’ instalado no Renault 5 “impressionou” os testadores do Euro NCAP.
É o nome “Autopilot” que penaliza o Tesla S
Isto contrasta claramente com o mais recente sistema de piloto automático da Tesla instalado no Model S, que teve um bom desempenho no backup de segurança, mas teve um mau desempenho na competência de assistência.
Em nota de imprensa, é afirmado que “o nome “Autopilot” do sistema da Tesla, bem como o seu material promocional, sugerem uma automatização total, o que é considerado inapropriado pelo Euro NCAP e levou a uma descida da sua pontuação. Além disso, ao contrário do Porsche, a direção é resistente às tentativas do condutor para a desativar e, quando o condutor o faz, o sistema é automaticamente desativado, limitando a sua utilidade. Considerando a excelente pontuação de 94% que o Autopilot alcança no Backup de Segurança, a pontuação de 30% na Competência de Assistência deverá desiludir a Tesla”.
Volvo EX30 com estratégia “insegura”
Os testadores do Euro NCAP encontraram alguns problemas semelhantes com o sistema ‘Pilot Assist’ do Volvo EX30. Tal como o Tesla, utiliza um ecrã táctil montado centralmente, pelo que o condutor deve tirar os olhos da estrada para ver os alertas.
A estratégia de promover as mãos no volante foi considerada insegura, uma vez que o EX30 não “bloqueia” o sistema de assistência mesmo após repetidos alertas de não utilização das mãos.
Condutores têm de compreender o seu papel
“A operação segura dos sistemas de Condução Assistida só pode ser alcançada se os consumidores compreenderem claramente o seu papel como condutores, souberem como operar o sistema e estiverem conscientes das suas limitações. Os testes do Euro NCAP nestes nove automóveis revelaram as diferenças na eficácia com que os sistemas suportam estes elementos-chave. Fornecer informação correta aos consumidores é fundamental”, afirma Adriano Palao, Responsável Técnico AD/ADAS, Euro NCAP.
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“Por exemplo, a Euro NCAP acredita que a Tesla está a enganar os consumidores sobre as capacidades do seu sistema Autopilot simplesmente através do nome e do marketing, o que pode ter potenciais implicações de segurança. Um sistema bem concebido cooperará com o condutor, informará adequadamente sobre o nível de assistência e, por fim, oferecerá prevenção de acidentes em situações críticas; caso contrário, poderá introduzir riscos adicionais”, sublinha ainda aquele responsável.