Cinco anos após o prazo inicial de entrega, o Tesla Roadster continua ausente do mercado. A marca volta a agitar o projeto com novas declarações, desta vez prometendo que será “o último carro de condutor” antes da generalização da condução autónoma.
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Tesla volta a pôr o Roadster no centro das atenções
A Tesla está novamente a provocar curiosidade em torno do Roadster de nova geração — veículo prometido desde 2017 e sucessivamente adiado. Durante o evento X Takeover, realizado no passado fim de semana, Lars Moravy, responsável pela engenharia de veículos da marca, afirmou tratar-se do “último melhor carro de condutor” antes de os sistemas de condução autónoma se tornarem predominantes.
“O Roadster está definitivamente em desenvolvimento. Falámos sobre isso no domingo à noite”, disse Moravy. “Produto super cool. Estamos a preparar-nos para uma demonstração super cool. Vai ser ‘de cortar a respiração’, como diz o Elon. Passámos muito tempo nos últimos anos a repensar o que fazíamos e porque o fazíamos, e o que tornaria um carro incrível e emocionante, o último, o melhor carro para pilotos.” afirmou Moravy.
“Mostrámos ao Elon alguns dos nossos protótipos e tecnologias e ele ficou entusiasmado.” A declaração surge em consonância com um recente tweet de Elon Musk, onde prometia “a demonstração mais épica de sempre”. Os mais atentos recordam que comentários idênticos já foram feitos em 2019 e 2024 — sem que qualquer demonstração se tenha concretizado.
Uma espera que se arrasta há anos
O protótipo do Roadster foi originalmente revelado em 2017, com a produção prevista para 2020. Desde então, o modelo tem sido adiado sucessivamente. A Tesla continua a anunciar avanços técnicos e acréscimos extraordinários — como o controverso “SpaceX package”, supostamente capaz de incluir propulsores de ar frio que permitiriam ao veículo pairar brevemente. O fabricante tem justificado os atrasos como fruto de melhorias no projeto, mas muitos observadores encaram essas promessas com cepticismo.
O Roadster seria o chamado “halo car” da Tesla, pensado para consolidar a supremacia dos veículos elétricos no segmento hiperdesportivo. Elon Musk prometeu um “smackdown” aos automóveis a combustão, com uma aceleração dos 0 aos 100 km/h em apenas 1,9 segundos e uma autonomia estimada de 1.000 km. Entretanto, vários concorrentes já lançaram hipercarros elétricos com prestações semelhantes ou superiores.
Promessas por cumprir
A credibilidade da Tesla neste projeto tem sido posta em causa. Para além dos sucessivos adiamentos, o fabricante comprometeu-se a oferecer dezenas de unidades do Roadster a clientes que participaram no programa de recomendações da marca — promessas que ajudaram a gerar milhares de milhões de dólares em vendas, mas que continuam por cumprir. Por outro lado, muitos consumidores depositaram montantes entre 50.000 e 250.000 dólares para reservar o veículo, acreditando na data de lançamento inicialmente comunicada.
Entre os fãs da Tesla, o Roadster tornou-se quase um meme recorrente — uma piada sobre o eterno adiamento e o excesso de promessas não cumpridas. No plano técnico, a Tesla enfrenta o dilema de alinhar este projeto com os avanços da condução autónoma que a marca também está a desenvolver.
O “último carro” num mundo em transição
A afirmação de Moravy — “último melhor carro de condutor” — evoca uma visão de despedida. Numa indústria onde os sistemas autónomos se aproximam cada vez mais da realidade comercial, o Roadster poderá ser apresentado como o canto do cisne da condução humana plena. Neste contexto, a Tesla parece posicionar este modelo não apenas como um hipercarro elétrico, mas como um artefacto emocional e simbólico.
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Ainda assim, sem um calendário definitivo, sem protótipos publicamente demonstrados e com um histórico de anúncios falhados, a dúvida persiste: o Roadster será mesmo lançado ou permanecerá como uma lenda urbana na história da mobilidade elétrica?