Apesar da quebra global nos registos de veículos comerciais durante o primeiro semestre de 2025, há sinais encorajadores de transição energética nos vários segmentos — sobretudo nas carrinhas elétricas, mas também nos camiões e autocarros. A análise dos dados da ACEA revela avanços relevantes, embora o contexto económico e a falta de condições estruturais continuem a travar uma adoção mais célere.
Veículos comerciais elétricos sobem com carrinhas a duplicar quota
As vans continuam a liderar o movimento de eletrificação nos veículos comerciais. As versões 100% elétricas aumentaram a sua quota de mercado de 5,8% para 9,5%, numa fase em que os registos totais caíram 13,2% na União Europeia. O diesel mantém-se dominante (82%), mas perdeu dois pontos face ao ano anterior. A gasolina caiu 29,8%, e os híbridos mantêm expressão residual (2,6%).
O crescimento elétrico é especialmente relevante nas carrinhas urbanas, usadas em entregas e serviços last mille, num mercado cada vez mais pressionado por zonas de baixas emissões e exigências de descarbonização.
Camiões: Países Baixos puxam pelos elétricos
Nos camiões, os registos globais caíram 15,4% para 155.367 unidades, com quebras acentuadas em todos os grandes mercados. A Alemanha (-27,5%) lidera a queda, seguida por França (-18,8%) e Itália (-13,3%).
Apesar do domínio do diesel (93,6%), a quota de modelos elétricos subiu para 3,6%, com destaque absoluto para os Países Baixos, que aumentaram os registos em 187,6%, representando quase um quinto do total europeu de camiões elétricos. O impulso nos camiões elétricos é dificultado pela falta de uma infraestrutura europeia de carregamento.
Autocarros: Alemanha e Bélgica aceleram na eletrificação
O setor dos autocarros registou uma descida moderada (-4,4%), mas o movimento de eletrificação é claro. A quota de modelos 100% elétricos subiu de 16,4% para 21,6%, com destaque para a Alemanha (+105,2%) e Bélgica, que registou 523 unidades, quase cinco vezes mais que em 2024.
Em contraciclo, os híbridos elétricos sofreram uma quebra de 35,5%, ficando com apenas 6,9% do mercado. O diesel recuou, mas ainda domina (64,7%).
Políticas, incentivos e infraestruturas são fatores críticos
Apesar dos avanços, a ACEA alerta para uma “trajetória ainda demasiado lenta” na adoção da mobilidade elétrica comercial. A ausência de infraestruturas de carregamento, incentivos fiscais robustos e programas públicos de renovação de frota continuam a limitar a penetração dos veículos eletrificados, sobretudo fora dos principais centros urbanos.
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Se os números comprovam que cada segmento está a responder de forma desigual à transição energética, o sentido é claro. Carrinhas comerciais, camiões e autocarros estão a avançar na eletrificação. E com metas ambientais cada vez mais exigentes, esta convergência poderá tornar-se irreversível nos próximos anos. Faltam as infraestruturas.