A Tesla reportou uma quebra nas vendas a nível global na ordem dos 13%, com os três primeiros meses de 2025 a serem o pior trimestre desde 2022.
Neste artigo:
Entregues 336.681 automóveis
Na informação aos investidores sobre o primeiro trimestre de 2025, a Tesla reportou a entrega de 336.681 automóveis a nível mundial entre janeiro e março.
Este número de vendas representa uma queda de 13% em relação ao ano anterior e de 32% em relação ao trimestre anterior.
São vários os fatores para a queda
A diminuição de vendas deve-se a uma combinação de fatores, entre os quais os analistas apontam o envelhecimento da sua gama e uma maior competição nos veículos 100% elétricos.
A entrada de Elon Musk na política, mas também a espera pela entrega do novo Model Y apresentado no início de janeiro são fatores que ajudam a explicar a quebra das entregas da Tesla.
Analistas esperavam mais
Analistas consultados pela FactSet e citados pelas agências esperavam que as entregas da Tesla fossem muito mais elevadas, chegando às 408.000 unidades. Mas a verdade é que o desempenho da Tesla a nível global foi fraco, com as entregas a serem inferiores às conseguidas no mesmo período de 2024, quando registou 387.000.
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O declínio para 336.681 automóveis entregues registou-se apesar de uma política comercial agressiva, com grandes descontos, financiamento zero em vários mercados e outros incentivos.
Tesla vale metade
A acompanhar a quebra das vendas está também a desvalorização da empresa. As ações da Tesla valem agora metade desde que atingiram um recorde em meados de dezembro. Na altura, os investidores reagiram à eleição de Trump e ao papel de Elon Musk no processo, esperando ter ganhos com a nova administração, nomeadamente expetativas de uma regulação mais leve e grandes lucros.
Três meses depois, os investidores mostram-se incomodados com o papel efetivo de Musk na administração Trump à frente do “departamento de eficiência governamental” e com o seu apoio a partidos de extrema-direita na Europa e têm receio do boicote aos carros da Tesla e às ações criminosas contra instalações que ocorreram fundamentalmente nos Estados Unidos,
Uma “deceção”
Matt Britzman, analista sénior de acções da Hargreaves Lansdown, afirmou: “A escala é pior do que muitos esperavam.
“Não há como adoçar, os números de entrega do primeiro trimestre da Tesla são uma deceção, embora muitos investidores já se estivessem a preparar para um número fraco”, disse Britzman.
Na informação aos investidores, a Tesla sublinha que “a mudança das linhas do Model Y nas nossas quatro fábricas levou à perda de várias semanas de produção no 1.º trimestre”, um fator que os analistas também têm em conta, mas que consideram não ser decisivo.
O flop da Cybertruck
Os números apresentados pela construtora norte-americana de veículos elétricos dá ainda conta indiretamente de um outro dado. A Cybertruck é um flop de vendas.
A empresa afirma que, do total das 336,681 unidades entregues, 323,800 foram Model 3 e Model Y. Feitas as contas pela própria empresa, sobram apenas 12,881 unidades a nível global para as vendas dos outros modelos da marca, nomeadamente o Model S, o Model X e a Cybertuck.
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A “marca está sob pressão”, afirmou Britzman. “É raro ver o sentimento em relação a uma empresa tão intimamente ligada a uma Casa Branca polarizadora, e até Musk voltar a concentrar-se na Tesla, as acções permanecerão voláteis”.