As emissões de CO2 dos transportes rodoviários podem atingir o seu pico a nível global este ano, começando a descer a partir de 2026. A expetativa é do Conselho Internacional para os Transportes Limpos (ICCT).
O estudo prevê que as reduções das emissões de CO2 dos transportes rodoviários em três dos maiores mercados de veículos – China, União Europeia e Estados Unidos – ultrapassem o crescimento das emissões noutros países.
Neste artigo:
Paridade e custo dos EV importantes
O ICCT afirma que “as estrelas destas tendências globais são três sectores de veículos: automóveis de passageiros, veículos de duas e três rodas e autocarros de trânsito”.
A “rápida aproximação do custo total de propriedade e da paridade do preço de compra entre os veículos elétricos a bateria e os veículos convencionais apoiam a aceitação contínua do mercado para além dos requisitos regulamentares, embora os regulamentos continuem a ser a alavanca política mais promissora para garantir uma trajetória de emissões alinhada com Paris”, sublinha o organismo.
Pico de emissões de CO2 atingido também na UE
Relativamente à União Europeia, as novas projeções do ICCT sugerem que os regulamentos adotados pela União Europeia (UE) “colocaram as emissões de CO2 dos transportes rodoviários numa trajetória que atingirá o seu máximo já em 2025”.
Apesar da perspetiva otimista, o organismo deixa um aviso claro: “esta trajetória promissora depende da manutenção das normas de CO2 existentes e poderá vacilar se a regulamentação for enfraquecida”.
Estudo do ICCT examina políticas e mercado
O Conselho Internacional para os Transportes Limpos lançou uma nova edição da sua série Vision 2050, que examina as políticas relativas aos veículos com emissões zero e a evolução do mercado a nível mundial.
O estudo analisa as vendas de veículos, a utilização de energia e as trajetórias de emissões até 2050, avaliando o alinhamento dos transportes com os objetivos do Acordo de Paris.
Pico de 800 milhões de toneladas
No estudo, prevê-se que as emissões de CO2 do transporte rodoviário na União Europeia atinjam um pico de quase 800 milhões de toneladas em 2025 e diminuam em seguida cerca de um quarto até 2035.
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Este declínio acelerado marca uma mudança significativa em relação às projeções anteriores, refletindo o impacto da transição dos automóveis convencionais para os veículos com emissões zero.
Um ponto de inflexão “histórico”
“A nossa análise mostra que o sector dos transportes rodoviários na Europa se encontra num ponto de inflexão histórico “, afirma Felipe Rodríguez, Diretor Adjunto do ICCT Europa, para quem “uma década após o Acordo de Paris, a Europa está agora a virar a esquina e a fazer a transição para tecnologias, nomeadamente veículos elétricos, que garantirão uma maior eficiência energética e emissões muito mais baixas”.
“No entanto, as boas notícias de hoje trazem consigo um aviso crítico: o enfraquecimento dos atuais objetivos de emissões de CO2 para os fabricantes de automóveis e carrinhas poria em risco o declínio das emissões, aumentando o fosso para atingir os nossos objetivos climáticos a tempo e comprometendo o papel da Europa como um farol global para outras regiões”, sublinha.
Os números do estudo
Em comparação com uma base de referência política de 2021, a regulamentação líder mundial da UE, implementada nos últimos anos, colmatou 73 % da lacuna necessária para alinhar o transporte rodoviário com uma trajetória compatível com o Acordo de Paris, tal como refletido no cenário ambicioso do ICCT.
“As normas de emissões de CO2 da UE de 2023 para automóveis e carrinhas, combinadas com a revisão das normas de 2024 para camiões e autocarros, reduziram significativamente a diferença de emissões: em 66% para os veículos pesados e em 75% para os veículos ligeiros”, pode ler-se em nota de imprensa.
O que é o ICCT?
O ICCT é uma organização de investigação independente, sem fins lucrativos, fundada para fornecer investigação e análises técnicas e científicas aos reguladores ambientais.
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O ICCT pretende capacitar os decisores políticos e outros em todo o mundo a melhorar o desempenho ambiental dos transportes rodoviários, marítimos e aéreos para beneficiar a saúde pública e mitigar as alterações climáticas.