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Fábricas alemãs interessam à China

A China está interessada em comprar fábricas de automóveis que vão encerrar na Alemanha, afirma a Reuters.

Empresas e governo chineses atentos

De acordo com a agência noticiosa, os chineses estão particularmente atentos às instalações da Volkswagen. A Leapmotor está a considerar utilizar uma fábrica na Alemanha para a produção de veículos elétricos e a Chery está a analisar várias opções para a produção na Europa, devendo tomar uma decisão este ano.

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Fábrica da Volkswagen

A aquisição de uma fábrica na Alemanha não interessa apenas a empresas chinesas, mas é vista com bons olhos pelo próprio governo de Pequim.

Pequim quer reciprocidade

Um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês afirmou à agência que as empresas que pretendem investir na Alemanha devem ser autorizadas a fazê-lo.

“A China introduziu uma série de medidas de abertura para criar novas oportunidades de negócio para as empresas estrangeiras… Espera-se que o lado alemão também mantenha uma mente aberta, (e) proporcione um ambiente de negócios justo, equitativo e não discriminatório para as empresas chinesas investirem”, disse o porta-voz.

Benefícios a longo e breve prazos

A compra de uma fábrica colocaria a China numa posição ainda mais influente na indústria automóvel alemã, que alberga algumas das mais antigas e prestigiadas marcas automóveis, de acordo com a mesma fonte. Empresas chinesas têm vindo a adquirir participações na estrutura acionista de construtores alemães.

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O BAIC Group detém 9.98 % da Mercedes-Benz

Mas não é só uma questão de influência a longo prazo. Numa perspetiva mais imediata, a compra de fábricas na Alemanha permitiria contornar o aumento das taxas alfandegárias sobre carros elétricos chineses, que aumentou o ano passado para valores que chegam aos 45% do valor do automóvel.

Decisões dependem de posição da Alemanha

Embora as propostas possam ser apresentadas por empresas privadas, empresas públicas ou joint-ventures com empresas estrangeiras, as autoridades chinesas reservam-se o direito de aprovar determinados investimentos no estrangeiro e, provavelmente, estarão envolvidas em qualquer proposta desde o início, diz fonte citada pela agência.

As decisões de investimento dependerão da posição do novo governo alemão em relação à China, na sequência das eleições de fevereiro.

Volkswagen estuda alternativas

A Volkswagen está a explorar utilizações alternativas para as suas fábricas de Dresden e Osnabrueck, no âmbito de uma campanha de redução de custos que obriga a diminuir as suas operações na Alemanha.

A VW estaria aberta a vender a fábrica de Osnabrueck a um comprador chinês, disse à Reuters uma pessoa familiarizada com as ideias da empresa.

Acordo alcançado com sindicatos

A administração da Volkswagen apresentou um plano que implicava o fecho de várias fábricas na Alemanha, mas o plano enfrentou a oposição dos trabalhadores alemães, que partiram para a greve.

Num acordo alcançado antes do Natal, a empresa e os sindicatos concordaram com o encerramento da produção em Dresden, uma fábrica com 340 trabalhadores que produz o ID.3 elétrico, a partir de 2025, e de Osnabrueck, onde 2 300 trabalhadores produzem o T-Roc Cabrio, a partir de 2027.

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A fábrica de Dresden produz o ID.3 100% elétrico @VW Group

“Estamos empenhados em encontrar um uso contínuo para o local. O objetivo deve ser uma solução viável que tenha em conta os interesses da empresa e dos trabalhadores”, disse um porta-voz, recusando-se a comentar especificamente a especulação sobre uma oferta.

Empresas chinesas temem força sindical

A força dos sindicatos alemães na indústria automóvel é algo que preocupa as empresas chinesas, uma vez que estes detêm metade dos lugares nos conselhos consultivos das empresas alemãs.

Os construtores chineses têm optado pela construção de novas instalações em países em que os custos de produção são mais baixos e o movimento sindical não tem tanta força. A BYD, por exemplo, avançou para novas fábricas na Hungria e na Turquia.

Sim, mas…

Stephan Soldanski, um representante do sindicato de Osnabrueck, disse que os trabalhadores da fábrica não teriam nada contra produzir para um dos parceiros da joint venture da Volkswagen na China.

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“Posso imaginar que poderíamos produzir algo para uma empresa de joint-venture chinesa …, mas com o logótipo VW e de acordo com as normas VW. Essa é a condição fundamental”, afirmou à Reuters.

De acordo com as fontes citadas pela agência noticiosa, a venda das fábricas pode ser uma solução mais vantajosa financeiramente para a Volkswagen do que o encerramento puro e simples. Cada uma das instalações poderia render entre 100 milhões de euros a 300 milhões de euros, de acordo com um banqueiro conhecedor do processo.

Fabricantes chineses procuram locais na Europa

As tarifas impostas pela Comissão Europeia no ano passado para contrariar o que considerou os subsídios injustos de Pequim levou muitos fabricantes de automóveis chineses a procurar locais para instalar fábricas na Europa, o segundo maior mercado de veículos elétricos do mundo.

A maioria tem optado por construir novas fábricas em países com custos mais baixos e sindicatos mais fracos, como a BYD na Hungria e na Turquia. A Leapmotor está a planear a produção com a Stellantis na Polónia e a Chery Auto vai começar a fabricar veículos elétricos este ano numa fábrica que era propriedade da Nissan em Espanha.

Tudo em aberto

Os investidores chineses já estudaram fábricas na Europa Ocidental, de acordo com uma outra fonte familiarizada com essas discussões, incluindo a Ford, que está a abrir uma nova fábrica em Saarlouis, na Alemanha, e a fábrica Audi da Volkswagen, em Bruxelas.

Embora esteja a estudar a compra de uma fábrica, a Chery está mais inclinada para construir uma de raiz, uma vez que – de acordo com o seu principal executivo europeu – uma nova fábrica permitiria à Chery construir de acordo com as normas mais recentes.

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