As taxas de importação aos veículos elétricos poderão criar uma bolha e consequente inflação, alerta Carlos Tavares, CEO do grupo Stellantis.
Neste artigo:
Bolha no mercado leva a inflação
Concretamente, o presidente executivo do grupo Stellantis considerou que “não se pode criar uma bolha” no mercado europeu com taxas de importação aos veículos elétricos, porque haverá “inflação dentro da bolha”.
Em declarações aos jornalistas no final da cerimónia que assinalou o arranque da produção de veículos totalmente elétricos na unidade de Mangualde, Carlos Tavares disse que, enquanto empresa mundial, a Stellantis tem “uma visão global”.
Das linhas de montagem da fábrica de Mangualde vão sair oito modelos 100% elétricos nas versões de passageiros e comerciais ligeiros. A unidade beirã vai produzir para os mercados doméstico e de exportação os modelos Citroën ë-Berlingo e ë-Berlingo Van, Peugeot E-Partner e E-Rifter, Fiat e-Doblò e Opel Combo-e.
“Combater os chineses”
“Sabemos muito bem que não vamos ser protegidos no mundo inteiro. Portanto, quaisquer que sejam as decisões que sejam tomadas pela Europa ou pelos Estados Unidos vamos ter que afrontar a concorrência chinesa no resto do mundo”, afirmou, considerando que a proteção pode causar um adormecimento “neste combate renhido”.
temos a tecnologia, somos capazes de fazer veículos elétricos estupendos e temos um problema de custo que não permite às classes médias comprarem veículos elétricos
Carlos Tavares, CEO do grupo Stellantis
Carlos Tavares sublinhou que estar protegido na Europa não permite ganhar à concorrência em África e na América Latina.
“Portanto, do ponto de vista da empresa, que é uma empresa global, nós só temos uma possibilidade, que encaramos com muito ânimo e com muito apetite: vamos combater os chineses”, frisou Carlos Tavares.
Fazer veículos para a classe média
O CEO da Stellantis garantiu que o grupo tem a tecnologia necessária e está “a trabalhar muito duramente nos custos” para poder oferecer às classes médias, inclusive às europeias, “veículos elétricos a preços que elas possam pagar”.
Subscreva a Newsletter
Para Carlos Tavares, “tentar aplicar taxas a nível individual das empresas já em si é quase caricato”.
“Traduz uma complexidade mental que não está adequada à realidade do que nós estamos a viver. Nós estamos a viver uma realidade que é muito simples: temos a tecnologia, somos capazes de fazer veículos elétricos estupendos e temos um problema de custo que não permite às classes médias comprarem veículos elétricos”, sublinhou.
O líder da Stellantis garantiu que o problema de custo tem de ser tratado “pela raiz” e que não se resolver ao “tentar por proteções à volta”.
Leia também:
Carlos Tavares questionou: “Se puser o mercado europeu dentro de uma bolha, dentro da bolha vai haver inflação e como é que se vai tratar a inflação dentro da bolha? Com subsídios. Como é que se vão criar os subsídios? Com impostos”.
Siga o canal do EV Mag no
“É óbvio que na Europa já há impostos a mais. Já temos uma taxa de imposição que é excessiva”, rematou.
Carlos Tavares é o CEO da Stellantis e liderou a criação da empresa em janeiro de 2021. Antes, o português tinha sido presidente do Conselho de Administração da PSA a partir de março de 2014, conselho em que ingressou em janeiro de 2014.