A UVE (Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos) diz, num manifesto, que Portugal está num momento de indefinição, com governo e organismos públicos de gerar incerteza no mercado.
Neste artigo:
AFIR é oportunidade
No manifesto “o estado da rede – incerteza instalada”, a associação afirma que, “desde abril de 2024, a tutela mostrou publicamente, por diversas ocasiões, a intenção de modificar o atual modelo de Mobilidade Elétrica em Portugal”, mas as últimas declarações dos responsáveis deixam a UVE apreensiva.
No manifesto, é afirmado que a entrada em vigor do AFIR – regulamento europeu relativo à criação de uma infraestrutura para combustíveis alternativos – no dia 13 de abril de 2024, “criou sem dúvida uma oportunidade para revisitar a legislação Portuguesa da Mobilidade Elétrica e proceder aos ajustes necessários”
Modelo atual deve evoluir
Para a associação de utentes, deve ser promovida uma adaptação e evolução do atual modelo, no sentido de se conseguir uma simplificação das tarifas e consequente transparência nos preços.
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Contudo, “as declarações por parte da tutela seguiram num sentido de alterações mais profundas, sugerindo mesmo o fim do modelo de rede atual e não a sua evolução e melhoria. Desde junho de 2024, temos assistido a compromissos de datas, que são adiadas e canceladas por parte da tutela, até chegarmos ao momento atual onde não existe qualquer ideia ou compromisso de conclusão do trabalho que está a ser executado”, sublinha o manifesto.
Manifesto nos 10 anos da UVE
O documento é apresentado pela UVE no ano em que a associação comemora os seus 10 anos. No manifesto, o conselho diretivo da associação aponta como problemas principais da adoção da mobilidade elétrica “o aumento das tarifas de carregamento e a complexidade dos tarifários”. Para a associação, estes problemas não estão “a ser enfrentados como prioridade, devido à incerteza instalada”.
Com a entrada em vigor do AFIR (regulamento europeu sobre infraestrutura para combustíveis alternativos) em abril de 2024, o setor enfrenta “novos desafios”.
“Incerteza” dos decisores afeta mercado
Em nota de imprensa, a UVE afirma que, “apesar do sucesso no aumento das vendas de veículos elétricos e a boa adaptação do modelo português, a incerteza gerada pelas entidades responsáveis pelo sector tem prejudicado o investimento privado e o normal desenvolvimento da infraestrutura, afetando principalmente os Operadores de Pontos de Carregamento e Comercializadores de Eletricidade e, consequentemente, os utilizadores”.
“Em 2024 assistimos a um aumento médio de 5% nos custos de carregamento na rede pública, com os novos postos que entraram em funcionamento em dezembro a apresentarem valores, em média, 28% superiores aos de janeiro de 2024”, lembra a associação no manifesto.
Burocracia é obstáculo
A luta da UVE pela simplificação do tarifário não é nova. Já em 2022, a associação propôs uma simplificação dos tarifários disponibilizados aos utilizadores. Contudo, afirma, “apenas 11,4% dos postos de carregamento adotaram esta simplificação até ao final de 2024”.
“A burocracia é também um obstáculo, com dificuldades na ligação dos postos de carregamento à rede elétrica e no licenciamento de espaços públicos, prejudicando o crescimento da infraestrutura. Fechamos o ano de 2024 com quase 300 postos de carregamento rápido e ultrarrápido que aguardam ligação à rede elétrica”, sublinha a associação.
UVE quer “soluções claras”
Segundo a UVE, os principais CEME (Comercializadores de Eletricidade para a Mobilidade Elétrica), que detêm também as maiores redes de pontos de carregamento, possuem “uma responsabilidade acrescida na disponibilização de soluções que proporcionem uma melhor experiência ao utilizador, pelo que devem concentrar esforços neste domínio e potenciar a utilização da rede pública”.
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“A UVE defende a necessidade urgente de soluções claras para melhorar o modelo atual, de forma a oferecer um serviço de melhor qualidade aos utilizadores e garantir o desenvolvimento eficiente da Mobilidade Elétrica em Portugal”, conclui.