Tarifas aduaneiras para carros elétricos chineses Tarifas aduaneiras para carros elétricos chineses

Tarifas aduaneiras: vão Europa e China chegar a acordo?

A Comissão Europeia deverá anunciar o aumeno das tarifas aduaneiras para os veículos elétricos chineses já na próxima quarta-feira, mas Pequim espera que se abram negociações e que se chegue a um acordo.

Tarifas aduaneiras anunciadas a 5 de junho

As tarifas provisórias, que deverão ser anunciadas a 5 de junho, por muito pequenas que sejam, representarão milhares de milhões de novos custos para a maior indústria de veículos elétricos do mundo.

Mas os analistas afirmam que tanto a China como a Europa têm razões para quererem chegar a um acordo.

Razões para um acordo

Por um lado, a indústria chinesa precida das exportações para a Europa para compensar a queda das margens de lucro no seu país.

acordo UE China
Ambas as partes têm razões para chegar a acordo @Freepick – imagem gerada por IA

Por outro, os fabricantes europeus, nomedadamente os alemães, querem acesso ao mercado chinês e às parcerias nos veículos elétricos para atenuar custos.

Fabricantes podem absorver aumento

Se as tarifas aduaneiras impostas pela União Europeia sobre veículos elétricos chineses subirem entre os 9% e os 22%, os construtores orientais vão ter uma fatura adicional da ordem dos mil milhões de dólares por cada 10 pontos de aumento.

Mas os construtores chineses conseguem absorver esses aumentos, uma vez que colocam os automóveis na Europa com um preço que, por vezes, como no caso da BYD, é mais do dobro do que praticam no seu país.

A resposta chinesa

Em resposta, é provável que Pequim aumente as tarifas aduaneiras para os automóveis com motores mais maiores, falando-se mesmo de um aumento de 25%.

Mas é também possível que a China opte por baixar as tarifas aduaneiras sobre automóveis europeus de 15% para 10%. Tudo pode estar em cima da mesa.

Uma “combinação de cenouras e paus”

“A bola pode está do lado europeu”, disse à Reuters fonte da Câmara do Comércio China-UE. Esta instituição diz que a investigação da Comissão Europeia ao apoio estatal àos construtores de veículos elétricos chineses “estava viciada desde o início”, uma vez que tinha exigido informações sobre os fornecedores que os fabricantes não podiam fornecer.

conversas sobre tarifas aduaneiras
Vão Europa e China conversar sobre as tarifas aduaneiras para automóveis elétricos? @Freepick

Os analistas esperam que ambas as partes procurem um acordo. “Espero que o lado chinês, e já estamos a ver isso, use uma combinação de cenouras e paus para convencer alguns dos principais estados membros a resistir à Comissão”, disse Noah Barkin, conselheiro sénior do Rhodium Group.

A China assinalou que está a preparar alternativas para a negociação que se avizinha. Os direitos aduaneiros provisórios da UE poderão ser contestados ou mesmo suprimidos se um número suficientemente elevado de governos da UE se lhes opuser ao fim de quatro meses.

Estados Unidos aumentaram tarifas aduaneiras

A decisão europeia surge depois de os Estados Unidos terem quadruplicado as tarifas aduaneiras sobre os veículos eléctricos chineses para 100%. Elon Musk. o multimilionário dono da Tesla, denunciou a medida, do governo do seu país.

A Tesla é o maior exportador de veículos eléctricos da China, pelo que – fiz a Reuters – enfrenta também a ameaça de aumento das tarifas aduaneiras da UE.

Titãs da indústria contra aumento de tarifas

Os fabricantes europeus estão, de uma forma geral, contra o aumento das tarifas aduaneiras, uma vez que poderá ser o início de uma guerra comercial que os afetará na sua penetração no mercado chinês.

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Ainda a semana passada, o CEO da Ferrari afirmou a sua oposição, depois de Carlos Tavares e do CEO da BMW já o terem feito anteriormente, como o EV Mag noticiou.

Os fabricantes europeus estão mesmo a associar-se a parceiros chineses de veículos elétricos, para os comercializarem de forma mais rápida e barata. Em abril, a Volkswagen e a BMW prometeram mais de 5 mil milhões de dólares para expandir a investigação e a produção na China. Em 2023, quase 29% dos automóveis fabricados pelos fabricantes alemães foram vendidos na China, segundo dados comerciais.

Ofensiva chinesa na Europa

Os fabricantes e fornecedores chineses de veículos eléctricos também estão a investir na Europa.

A Xpeng entrou no mercado francês este mês. Na inauguração do showroom da Nio em Amesterdão, na semana passada, o fundador William Li disse que o fabricante chinês de veículos eléctricos iria avançar na Europa.

A BYD está a construir uma fábrica de veículos eléctricos na Hungria e está de olho numa segunda fábrica europeia. A Chery Auto, o maior fabricante de automóveis da China em volume de exportações, está a estabelecer uma parceria com a EV Motors de Espanha para abrir a sua primeira fábrica europeia na Catalunha.

A empresa pública SAIC, o segundo maior exportador de automóveis da China, está à procura da sua primeira fábrica na Europa. A CATL, o maior fabricante de baterias do mundo, aumentou a sua produção na Europa. A CABL planeia abrir mais uma fábrica de baterias em Portugal.

Guerra comercial pode ser evitada

O chanceler alemão Olaf Scholz afirmou, durante a sua visita à China em abril, que seria melhor para os europeus pressionar a China a baixar as suas tarifas de importação de automóveis do que iniciar um conflito comercial.

Acompanhando Scholz em sua viagem à China estavam os CEOs da Mercedes-Benz e BMW, ambos os quais falaram contra as barreiras comerciais e argumentaram que as construtoras alemãs podem lidar com a concorrência chinesa.

Também a Stellantis viu nos automóveis chineses uma oportunidade e fez uma joint-venture com a Leapmotor – através da qual o construtor franco-italiano venderá os automóveis do fabricante chinês de veículos eléctricos no estrangeiro.

O diretor executivo da Stellantis, Carlos Tavares, que antes de estabelecer uma parceria com a Leapmotor apelou à aplicação de tarifas mais elevadas aos veículos eléctricos chineses, afirmou este mês que as tarifas são “uma grande armadilha”.

“Vamos tentar ser nós próprios chineses”, disse Tavares em Munique. “Em vez de sermos puramente defensivos em relação à ofensiva chinesa, queremos fazer parte da ofensiva chinesa”.

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