A aposta da BYD é forte: o construtor chinês quer que 50% das vendas sejam feitas fora da China. Para isso, está a prosseguir um plano com um investimento multimilionário.
A BYD está a investir milhares de milhões de dólares em instalações de produção na Europa, Ásia e América do Sul. O objetivo é servir os mercados locais e evitar as barreiras comerciais que estão a ser levantadas à importação de veículos construídos na China.
Neste artigo:
Fintar barreiras alfandegárias
A BYD é o fabricante de automóveis mais vendido na China, por larga margem, e tem por objetivo que as entregas no estrangeiro representem quase metade das vendas totais no futuro.
Para consolidar esta estratégia, é possível que continue a criar centros de produção globais para ultrapassar as tarifas alfandegárias, além daqueles que já tem em carteira.
Mais fábricas e data centers no estrangeiro
A BYD tem uma fábrica a funcionar na Tailândia e está a construir mais capacidade de produção na Hungria, no Brasil e na Turquia.
A empresa comprometeu-se também a construir uma fábrica na Indonésia e está prestes a assinar um acordo de produção no México.
Certo, é que a construtora chinesa tem planos para criar Data Centers em vários países europeus, evitando assim preocupações com a segurança dos dados enviados pelos veículos. Esses dados, assegura a empresa, não serão transmitidos para a China.
BYD aposta no mercado externo
O mercado externo é agora a grande aposta da BYD, como confirma Stella Li.
“O nosso mercado externo será responsável por uma proporção relativamente grande das nossas vendas globais no futuro”, afirmou a vice-presidente executiva Stella Li numa entrevista à bloomberg na sede da empresa, em Shenzhen.
Instada a ser mais específica, disse que “quase metade” das vendas virá do estrangeiro.
Meta exige grande esforço
Embora Li não tenha dado um prazo específico para o objetivo de vendas globais, este exigiria um enorme aumento da produção e das entregas.
Com efeito, as vendas em mercados externos representam 14% do total de veículos vendidos pela construtora chinesa.
A BYD está a caminho de atingir 500.000 vendas no estrangeiro este ano, tendo atingido 270.000 nos primeiros sete meses. O objetivo global da BYD é vender cerca de 3,6 milhões de automóveis totalmente eléctricos e híbridos plug-in em 2024, principalmente no seu mercado nacional.
Aumento de notoriedade é estratégico
A BYD está agora a consolidar a sua presença nos mercados europeu e sul americano, estando apostada em aumentar a notoriedade. O BYD Seal foi um veículo fundamental para o reconhecimento da marca, ao ficar bem colocado em todos os prémios carro do ano, tendo mesmo vencido em Portugal.
Para aumentar a notoriedade da sua marca fora da China, a construtora assinou no mês passado um acordo com a Uber para colocar 100 000 veículos eléctricos na plataforma da empresa de transporte de passageiros.
A BYD foi também um dos principais patrocinadores Euro 2024 e da Copa América.
Até ao final da década
A meta de 50% de vendas globais provavelmente não será alcançada até ao final da década, de acordo com a analista automóvel da Bloomberg Intelligence China, Joanna Chen.
“Essa mistura de 50% é pelo menos uma história para 2030, ou mesmo mais tarde”, disse Chen. “Entre os OEM chineses, a Chery Auto tem uma mistura de cerca de metade para exportação e metade para uso doméstico. Foi a primeira a ir para o estrangeiro e é atualmente o maior OEM chinês em termos de exportações. Os outros continuam a depender fortemente do mercado nacional”.
Forte no estrangeiro, dominante em casa
A BYD tem vendido bem em países como o Brasil, Israel, Tailândia e Austrália, mas anda está num processo de crescimento na Europa, nomeadamente em Portugal, onde tem vindo a conquistar quota de mercado.
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A BYD também se tornou a força dominante no seu mercado nacional, ultrapassando fabricantes de automóveis ocidentais estabelecidos, como o Grupo Volkswagen, para vender 3 milhões de unidades no ano passado.
Data Centers na Europa
Stella Li afirmou, na entrevista, que a BYD está também a criar os seus próprios data centers em países europeus, à medida que expande a venda dos seus automóveis autónomos e ligados à Internet.
Os dados recolhidos não serão enviados para a China, afirmou, evitando assim preocupações com a segurança dos dados.
Esta estratégia de pensar nos mercados locais não se vê apenas nos data centers que a empresa está a criar. A cadeia logística do serviço pós-venda tem também merecido uma particular atenção da BYD.
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A empresa abriu recentemente um centro logístico para a Península Ibérica, para colocar peças de substituição em oficinas rapidamente, evitando assim o problema que tem sido sentido por outras marcas de automóveis elétricos.