Estarei a ler bem? Então o carro mais verde atualmente em produção* é o Toyota Prius Prime SE, um híbrido “plug-in” (ou PHEV)? A minha alma está parva. Então, afinal, a Toyota é que tinha razão em não apostar nos veículos 100% elétricos?!
Pronto, acabou o artigo. Era mesmo só isto que vos queria dizer! Até sempre! Vou já a correr trocar o meu BMW i3 por um Toyota…
Ah… Just kidding… Tudo o que escrevi acima é verdade… mais ou menos. Vamos então por partes. De acordo com o ACEEE (American Council for an Energy-Efficient Economy), uma organização sem fins lucrativos e sobre a qual não encontrei nada que me levasse a concluir que seja financiada por empresas do setor automóvel ou por petrolíferas, o carro mais verde à venda no mercado dos EUA em 2024 é efetivamente o já referido Prius.
Os critérios da lista GreenerCars
Mas quais os critérios para esta lista? Segunda a própria ACEEE, a lista GreenerCars “é uma avaliação anual de todos os novos modelos do mercado de veículos ligeiros dos EUA. Baseia-se numa avaliação do ciclo de vida das emissões de gases com efeito de estufa e de poluentes de acordo com os critérios de produção, utilização e descarte de cada veículo”.
“Ao contrário de outras avaliações do impacto dos veículos na saúde e no ambiente que se baseiam apenas na eficiência do combustível, o GreenerCars classifica cada veículo em função do seu impacto total e é a forma mais eficaz de comparar veículos a gasolina com veículos elétricos”.
“Para além de avaliarmos as emissões do combustível queimado no motor de um veículo, avaliamos as emissões a montante geradas pela eletricidade utilizada por um veículo, as emissões produzidas na extração e processamento de minerais para baterias e as emissões do fabrico de veículos e componentes de veículos”.
“As pontuações ecológicas são geradas para cada modelo e podem ser utilizadas para avaliar o grau de ecologia de um veículo. Os utilizadores também podem avaliar os veículos com base na sua classe, para que possam fazer a compra mais ecológica que satisfaça as suas necessidades de mobilidade.”
Um pequeníssimo problema
Sinceramente, parece-me bem. Contudo, há aqui um pequeníssimo problema: as pessoas – sobretudo nos EUA! – raramente usam um PHEV da forma como ele foi criado para ser usado. Que é como quem diz, não o carregam. Que é como quem diz, usam-nos como se fosse um veículo a combustão.
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E esse é o verdadeiro problema: de nada vale criar metodologias como as acima descritas (de cuja bondade não duvido) sem ter em consideração a forma como o veículo é conduzido. E, já agora, onde – porque o “mix” da rede elétrica nos EUA varia imenso de estado para estado e o mesmo acontece na Europa, entre diferentes países.
Uma vez mais, não tenho razões para duvidar da credibilidade da ACEEE nem dos resultados que alcançou para criar a sua lista dos veículos com menor impacto ambiental. Mas as coisas não existem no vácuo e, como sabemos, neste como em tantos outros casos, basta colocar humanos na equação para que as contas saiam furadas.
* E à venda no mercado dos EUA