A presidente da Comissão Europeia afirmou hoje que os fabricantes de automóveis vão ter uma janela de 3 anos para atingirem emissões que cumpram os objetivos de CO2 originalmente estabelecidos para este ano.
Neste artigo:
Alteração “específica” dá entrada este mês
Ursula von der Leyen afirmou que será entregue à indústria ainda este mês uma proposta de “alteração específica” para dar flexibilidade ao setor no âmbito das regras de emissões.
As declarações da presidente da Comissão Europeia foram feitas hoje e vêm de encontro aos desejos da maioria dos construtores automóveis, que arriscavam multas de milhões de euros.
3 anos para atingir objetivos de CO2
“Em vez do cumprimento anual, as empresas terão 3 anos, seguindo o princípio da banca e do empréstimo”, disse von der Leyen em conferência de imprensa.
A Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que o bloco iria conceder aos fabricantes de automóveis uma janela de três anos para atingirem os objetivos de emissões de dióxido de carbono que foram originalmente estabelecidos para este ano.
Ursula von der Leyen falava no final da segunda reunião do diálogo estratégico sobre o futuro da indústria automóvel.
Objetivos de CO2 cumpridos em 3 anos
De acordo com von der Leyen, ainda este mês será proposta uma “alteração específica” para dar flexibilidade ao sector automóvel no âmbito das dos objetivos de CO2 de 2025.
Com efeito, as alterações significarão que os fabricantes de automóveis podem não cumprir o objetivo este ano, desde que tenham um desempenho superior nos dois anos seguintes.
O princípio da “banca e do empréstimo”
“Em vez do cumprimento anual dos objetivos de CO2, as empresas europeias terão três anos, segundo o princípio da banca e do empréstimo”, disse von der Leyen numa conferência de imprensa.
“Os objetivos permanecerão os mesmos, mas isto significa mais espaço para a indústria e mais clareza, sem alterar os objetivos acordados”, reiterou a presidente da Comissão Europeia.
Fabricantes pressionam
Os fabricantes automóveis, nomeadamente a ACEA, a associação europeia do setor, “têm pressionado para alterar o objetivo de emissões de carbono deste ano, depois de uma quebra registada nas vendas de automóveis elétricos o ano passado.
Subscreva a Newsletter
Os fabricantes de automóveis europeus pressionaram para alterar o objetivo de 2025 após uma queda nas vendas de veículos elétricos no ano passado, o que tornou mais difícil atingir o objetivo e poderia ter levado a multas de milhares de milhões de euros.
Contudo, estas multas estavam a ser contornadas, com a compra de créditos de carbono, com as empresas a agrupar as vendas com construtores que estão já a cumprir os objetivos, como a BYD, a Polestar ou a Tesla.
Muitos discordam da decisão tomada
Na indústria automóvel, a opinião não é unânime. A Volkswagen queixa-se de poder ter de vir a pagar uma multa de 15, mil milhões de euros, mas outros – como a Volvo – pediram à Comissão que mantivesse os seus objetivos, “para ajudar a fornecer segurança regulatória aos que já investiram intensamente em novas tecnologias. A marca sueca adverte que “os ajustamentos às regras podem atrasar a transição para os veículos elétricos.
Grupos ambientalistas criticam a extensão dos prazos dos objetivos de CO2 agora anunciada por von der Leyen, afirmando que esta se arriscava a comprometer ainda mais a competitividade dos fabricantes de automóveis europeus durante a transição.
“O enfraquecimento das regras da UE em matéria de veículos não poluentes recompensa os retardatários e pouco faz pela indústria automóvel europeia, a não ser deixá-la ainda mais atrás da China”, afirmou William Todts, diretor executivo da T&E – Transport & Environment , em comunicado.
Plano de ação publicado a 5 de março
A Comissão deverá publicar, a 5 de março, o seu plano de ação para ajudar a indústria automóvel europeia em dificuldades, com o alívio dos objetivos de CO2 para 2025 a ser complementado com medidas a mais longo prazo, como encorajar o sector automóvel empresarial a incentivar a compra de EV.
Leia também:
Von der Leyen anunciou que a UE vai criar uma aliança industrial para promover os avanços tecnológicos, em especial no domínio da condução autónoma. A Comissária afirmou ainda que o bloco iria explorar o apoio direto da UE aos seus fabricantes de baterias, incluindo a introdução gradual de requisitos de conteúdo europeu para as baterias.